Professor usa exemplos práticos para aluno entender matemática

“Desde meu primeiro contato com os alunos, percebi que, antes de
iniciar qualquer intervenção pedagógica, minha prática docente
precisaria ir além da lousa e do giz”, revela Vanildo. “As dificuldades
apresentadas estavam evidentes e se constituíam em um desafio pessoal.”
O professor passou a pensar, então, em uma estratégia que
apresentasse a linguagem matemática com aspectos concretos do cotidiano
dos estudantes, sem perder de vista a parte formal e suas conexões. Sua
intenção era propor “um modelo diferenciado” para trabalhar com
matemática e assim induzir os estudantes a participar das aulas.
“Qualquer trabalho por meio da valorização de fórmulas, conceitos e
propriedades, sem demonstrações, não representaria um modelo eficaz para
a melhoria da qualidade de aprendizagem dos estudantes em situação de
defasagem escolar”, diz o professor. Assim, em sua proposta de ensino de
geometria, ele buscou o que é sugerido pelos parâmetros curriculares
nacionais: “Um trabalho que enfatiza a relação entre os conteúdos
estudados em sala de aula com as formas geométricas presentes no mundo
físico, possibilitando a exploração de formas geométricas planas e
espaciais”.
O projeto tenta estabelecer um diálogo entre os quatro blocos de
conteúdos da matemática: números e operações; espaço e forma; grandezas e
medidas e tratamento da informação. Os estudantes podem assim comparar e
discernir aspectos como largura, comprimento, volume, número de faces e
vértices, entre outros. “Quando os estudantes foram levados a explorar
situações por meio de materiais manipuláveis, sentiram-se mais motivados
e, por conseguinte, engajaram-se de maneira mais efetiva nas aulas e
alcançaram melhores resultados na aprendizagem”, avalia.
Permanência — A finalidade do projeto está centrada
em dois pontos cruciais: a permanência do estudante em sala de aula e a
ruptura do autoconceito de “aluno fracassado”. Assim, de acordo com
Vanildo, por mais que existam conteúdos que precedam outros, a
hierarquização entre eles não deve ser tão rígida como tradicionalmente é
apresentada. Os conteúdos devem ser organizados em função de uma
conexão, na qual não precisam ser esgotados necessariamente de uma única
vez. “Para que o projeto tenha êxito, principalmente na questão da
permanência do aluno, é preciso estar atento à ênfase maior ou menor que
deve ser dada a cada item, que pontos merecem mais atenção e quais não
são tão essenciais”, ressalta o professor.
Segundo Vanildo, o projeto é desenvolvido também com alunos do
Colégio Estadual Monteiro Lobato, no mesmo bairro. Ao longo dos anos, o
trabalho tem passado por várias adequações.
Com o projeto, Vanildo foi premiado em duas edições do Prêmio
Professores do Brasil (2004 e 2013). “Isso representa a confirmação de
que esforços como esse podem ser úteis na busca por respostas de como
lidar com a situação de defasagem escolar e questões relacionadas às
dificuldades de aprendizagem”, ressalta o professor. Há 19 anos no
magistério, Vanildo tem licenciatura em matemática e em ciências
contábeis e especialização em planejamento e prática de ensino superior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário